quinta-feira, 8 de março de 2012

Metodologia Visual - Aula 01

Fundamentos da Linguagem Visual
Elementos básicos da comunicação visual

LINGUAGEM VISUAL
Sempre que projetamos, traçamos ou esboçamos algo, o conteúdo visual desta comunicação é composta por uma série de Elementos Visuais. Esses elementos constituem a substância básica daquilo que vemos. São muitos os pontos de vista a partir dos quais podemos analisar qualquer manifestação visual, mas um dos mais reveladores é decompô-la nos elementos que a constituem de forma que melhor possamos compreender o todo.
A linguagem visual constitui a base da criação do design. Há princípios, fundamentos ou conceitos, com relação à organização visual, que podem resolver situações problemáticas na realização de um projeto. O designer pode trabalhar sem esse conhecimento consciente, usando seu gosto pessoal e sensibilidade estética que são muito importantes, porém, uma compreensão dos fundamentos ampliará sua capacidade de organização, facilitando enormemente seu processo de criação.
Se quiséssemos refletir sobre o número de vocábulos suficientes para se formar uma Linguagem Visual poderíamos ter como resposta que os principais são basicamente: o ponto; a linha; o plano; o volume e a cor. Com tão poucos elementos básicos, e que nem sempre se apresentam em conjunto, forma-se toda a expressão visual na arte e no design na sua mais imensa variedade de técnicas e estilos.
Se compararmos a Linguagem Visual com a Linguagem Escrita, representada por letras e palavras, quantas necessitamos para contextualizar o entendimento de um simples parágrafo?  Cabe lembrar que palavras e elementos visuais não são comparáveis em termos de igualdade. As palavras têm significado preestabelecido e os elementos visuais não têm. Eles não representam absolutamente nada se não estiverem inseridos em um contexto formal. E justamente por não determinarem nada isoladamente é que podem determinar tanto em conjunto.
Para melhor compreensão da Linguagem Visual é importante ressaltar alguns elementos que formarão a base do entendimento futuros. Esses elementos estão muito relacionados entre si. Vistos individualmente parecem abstratos, mas juntos, determinam a aparência e a qualidade do design de uma página. Podemos definí-los como:
ELEMENTOS CONCEITUAIS
Um elemento conceitual, não é visível (o próprio nome já o define como conceito). Ele não existe na realidade, mas parece estar presente. Por exemplo: Sentimos a existência de um ponto no ângulo de um formato, sentimos que há uma linha marcando o contorno de um objeto ou que há planos envolvendo um volume. Esses pontos, linhas e planos não estão lá, pois se estivessem, deixariam de ser conceituais.
ELEMENTOS VISUAIS
Os elementos visuais são sempre visíveis. Quando desenhamos um objeto numa superfície, usamos uma linha que é visível para representar uma linha que é conceitual. Suas características (comprimento, largura, textura ou cor) dependem do material utilizado ou da maneira de como o representamos. Os elementos visuais formam a parte mais proeminente da representação gráfica, pois são aquilo que podemos ver de fato.
ELEMENTOS RELACIONAIS
Os elementos relacionais são exatamente os que governam a localização e inter-relação das formas em uma composição. Alguns parecem ser percebidos, como: direção e posição, e outros apenas são para serem sentidos, como: espaço e profundidade.
 
O PONTO – O início de tudo...

O ponto é a unidade de comunicação visual mais simples e irredutivelmente mínima. Quando vistos, os pontos se ligam, sendo, portanto, capazes de dirigir o olhar. Em grande número e justapostos, os pontos criam a ilusão de tom ou de cor...
Para que possamos observar o simbolismo de uma estrutura gráfica é necessário começar pelo elemento mais simples que compõe a matéria, o PONTO.
Qualquer ponto possui um grande poder de atração visual sobre o olho, exista ele naturalmente ou tenha sido colocado pelo homem em resposta a um objetivo qualquer. Como Elemento Conceitual, um ponto indica posição. Não tem comprimento nem largura. Pode representar o início e o fim de uma linha e está onde duas linhas se cruzam. Ele é um “ser vivo”. Como Elemento Visual, o ponto possui características, são elas: Tamanho - devendo ser comparativamente pequeno,
Formato - devendo ser razoavelmente simples.
Sua aplicação em uma representação visual pode também ser classificada em:
Adensamento (a concentração de pontos para representar um determinado efeito) 
Rarefação (o espaçamento entre eles, causando efeito contrário)
Quando um conjunto de pontos é organizado de forma sequencial, esses pontos se ligam, sendo, portanto, capazes de dirigir o olhar. Em grande número e justapostos, os pontos criam a ilusão de tom. A capacidade única que uma série de pontos tem de conduzir o olhar é intensificada pela maior proximidade dos pontos.

A LINHA
Quando em uma seqüência de pontos, eles estão muito próximos entre si de maneira que se
torna impossível identifica-los como Unidade de Forma, isto é, individualmente, aumenta a sensação
de direção, e a cadeia de pontos se transforma em outro elemento visual distintivo, a linha.
A linha tem, por sua própria natureza, uma enorme energia. Nunca é estática; é o elemento visual inquieto e inquiridor do esboço. A linha tem personalidade, tem expressão.
Como elemento conceitual, poderíamos definir a linha como um ponto em movimento, ou como a memória do deslocamento de um ponto, isto é, sua trajetória.Como elemento visual, não só tem comprimento como largura. Sua cor e textura são determinadas pelos elementos que são utilizados para representá-la e pela maneira como é criada.
A linha tem, por sua própria natureza, uma enorme energia. Nunca é estática. É o elemento visual inquieto e inquiridor do esboço. Onde quer que seja utilizada, é o instrumento fundamental da pré-visualização, o meio de apresentar, de forma palpável, aquilo que ainda não existe, a não ser na imaginação. Dessa maneira contribui enormemente para o processo visual.
Podemos conectar a linha horizontal a sensação de tranquilidade e de calma como a posição tomada pelos mortos, com a visão marítima a distância, como os extensos campos verdes.
A linha vertical, ligada a espiritualidade, superioridade, pode ser a sugestão causada por caminhos
dirigidos ao céu, às torres das igrejas...
As curvas do "S", de todos os feitios, são chamados de linha da beleza, pelo encanto que transmitem em suas sinuosidades. Ligam-se, por certo,à saúde e ao movimento gentil das mulheres formosas.
A linha convexa implica em tristeza; no sentido inverso, côncavo, denota alegria.
Aimpressão de agitação enérgica, causada pelas linhas oblíquas em posição violenta, o zigue-zague, cumpre esse papel.
As paralelas são frágeis e, talvez, por isso mesmo tão insistentemente empregadas na arquitetura, compensando o peso das grandes massas de concreto.
O mais simples traço revela um caráter.Será sólido, duro ou macio, áspero ou suave, firme ou displicente, concentrado ou expansivo, contribuindo inclusive, por suas características, para indicar a personalidade.

Um ponto pode ser posto para andar por uma força, e aí teremos a LINHA RETA. Ou se este
mesmo ponto se movimenta por duas forças teremos a LINHA CURVA.

Quando duas forças exercem pressão simultânea sobre um ponto, sendo uma delas contínua e predominante, surge a LINHA CURVA.
As linhas curvas dominam o território dos sentimentos, da suavidade, da flexibilidade e do feminino.
O redondo, o curvilíneo, o ondulante, encontram-se em oposição ao caráter racionalizante da linha reta e angulosa, que focaliza a vontade e o controle.
Quanto maior é essa pressão lateral e contínua exercida sobre a linha, esta se desvia cada vez mais até fechar-se em si mesma, formando um círculo.
Essa pressão lateral contínua faz com que ela não quebre, se transformando em ARCO. ão há ângulo, surgindo assim, uma forma suave e madura, que possui em si uma
autoconsciência por voltar-se para si mesma. Para a linha reta, impulsiva, não há começo nem fim, é um caminho eterno, em uma única
direção e sem retorno. Para a linha curva, flexível, há a possibilidade de encontrar-se com o seu
começo, gerando um círculo, que é a representação do todo.

A FORMA
A linha descreve uma forma. Na linguagem das artes visuais, a linha articula a complexidade da forma. Existem três formas básicas: o triângulo eqüilátero, o círculo e o quadrado.

AS PRINCIPAIS FORMAS BÁSICAS
As formas geométricas básicas, que podem gerar todas as outras mediante variações dos
seus componentes, são as três já conhecidas como a Trilogia do Design : o quadrado, o círculo e o
triângulo.
Cada uma dessas formas nasce de maneira diferente, tem medidas internas próprias e comporta-se de modos diversos ao ser explorada. As montagens com certo número de formas geram grupos de formas com novas características, ocasionam efeitos de: negativo / positivo; dupla imagem; imagens ambíguas; figuras impossíveis. E ainda, encontraremos fenômenos como: decomposição, recomposição; ritmos
visuais e, dentre tantas outras, formas que já possuem em si uma indicação de direção e de
movimento.

QUADRADO:Ao quadrado se associam enfado, honestidade, retidão e esmero.Forma racional, estática, sugere rigidez e segurança.Figura geométrica com quatro ângulos e quatro lados iguais e com a mesma longitude.
Direção vertical ,direção horizontal
Referência horizontal - vertical:
Constitui a referência primária do homem no que respeita ao seu bem estar.
Seu significado mais básico tem a ver não apenas com a relação entre 'o organismo humano e o meio ambiente, mas também com a estabilidade em todas as questões visuais.
 
CÍRCULO: Ao círculo se associam infinitude, calidez, proteção.
Forma emocional, movimentada, sugere conforto, e intensidade.
Figura curva contínua cujo perímetro é equidistante de todos os pontos ao centro.
Referência curva:
Constitui o significado associado à repetição e ao calor.
As forças direcionais curvas têm significados associados à abrangência, à repetição e à calidez.

TRIÂNGULO:
Ao triângulo se associam, ação, conflito, tensão.
Forma estável, de base, sugere ascensão, leveza e misticismo.
Triuno.
Figura geométrica com três lados e três ângulos iguais.
A direção diagonal tem referência direta com a idéia de estabilidade. É a formulação oposta, a força direcional mais instável, e, conseqüentemente, mais provocadora das formulações visuais. Seu significado é ameaçador e quase literalmente perturbador.

UMA ANÁLISE SOBRE AS DUAS POLARIDADES: O QUADRADO E O CÍRCULO

O Quadrado
Do mesmo modo como o ângulo reto é o ângulo mais objetivo, o quadrado é também a forma geométrica mais simples e objetiva. Formado por duas linhas horizontais e duas verticais, que se encontram em quatro ângulos retos, o quadrado representa o símbolo da terra – do universo criado e da matéria. É a antítese do transcendente. Anti-dinâmico por excelência, já que seu formato o impede de movimentar-se com facilidade. É destinado a ser estável e limitado.
Associado ao número quatro, o quadrado também é o símbolo do mundo estabilizado. Daí sua identificação com o poder e o domínio, o controle e a força. Muitos espaços repousam sobre a forma quadrada: Templos, cidades, indústrias, presídios, campos militares etc. É a forma da inteligência, da razão e da capacidade de definir, dissecar, digitalizar. Representa ainda a fixação e a permanência.
É interessante notar que as notas de dinheiro são quadrangulares, bem com a maioria das portas e janelas, estando diretamente vinculados a idéia de força e de poder, divisão, fronteirização, controle e vontade racional.
O quadrado é a figura de base do espaço, e representa o tempo enquanto oposto à eternidade. Se o quadrado tem quatro lados, a terra tem quatro direções, o homem tem quatro membros, os instrumentos de orientação têm quatro pontos cardeais.
O Círculo
Assim como já vimos, no caso da linha curva, que é resultado de duas forças que exercem
pressão lateral e simultânea sobre o ponto, sendo uma delas contínua e preponderante. Quanto
maior for essa pressão lateral, a linha se arqueia cada vez mais até o ponto limite de fechar-se sobre
si mesma gerando o círculo. Quando isso ocorre, fim e começo se fundem, com toda sua
efemeridade e solidez. A imagem do Uno, do todo. A serpente que morde a própria cauda
simbolizando o ciclo da evolução. Movimento, continuidade, autofecundação, eterno retorno da
manifestação ao interior de sua origem. Autoconhecimento e meditação sobre si próprio, seus atos e
desejos.
É neste sentido que o traço curvo realiza-se em si mesmo. Enquanto a linha reta expressa
uma tendência desejada e consciente em direção a uma meta, o que a faz também, exacerbada,
sair de si.
Para Kandinsky
“assim se produz a estrela das linhas retas, organizadas em torno de um núcleo comum. Esta
estrada pode tornar-se cada vez mais densa de modo a que as interseções criem um centro mais
cerrado no qual um ponto possa se formar e desenvolver. Ele é o eixo em volta do qual as linhas
podem organizar-se e finalmente confundir-se – uma nova forma nasceu, uma superfície sob a forma
definida de círculo.” Ou seja, o círculo é resultante da densificação total do campo de rotação da estrela de linhas.
Como diz uma frase de Francis Picabia:
“Nossa cabeça é redonda para permitir aos pensamentos, mudar de direção”.
Seria cansativo levantar aqui a infinidade de estudos e citações sobre a presença do círculo nas diversas culturas, como os indígenas das Américas, os hebreus, os celtas, etc. Mas vale ressaltar ainda que na tradição islâmica a forma circular é considerada como a mais perfeita de todas. É por isso que seus poetas afirmam que:
“o círculo formado pela boca aberta é a mais bela das formas, por ser ela completamente redonda. É por ela que sai o verbo, indispensável ao homem para ser humano, já que é desprogramado e precisa se re-descobrir no ato de saber e fazer ser.”

Lab. de Criação - Aula 01


É comum ouvirmos as pessoas dizerem que não têm criatividade. Isso não é verdade. Apenas em algumas pessoas ela está mais aflorada do que em outras. Todos nós nascemos com criatividade, a diferença é o que fazemos com ela.
Para entender melhor esse processo, precisamos voltar à infância, e estudar como o desenvolvimento da criatividade ocorre nas crianças. O processo se manifesta claramente nos desenhos infantis, primeiro registro con­creto da expressão pessoal. Os desenhos infantis con­têm uma originalidade e um frescor de concepção que é a própria essência da infância.

Podemos ver um exemplo clássico no livro “O Pequeno Príncipe”


...
I
Certa vez, quando tinha seis anos, vi num livro sobre a Floresta Virgem, "Histórias Vividas", uma imponente gravura. Representava ela uma jibóia que engolia uma fera. Eis a cópia do desenho.
Dizia o livro: "As jibóias engolem, sem mastigar, a presa inteira. Em seguida, não podem mover-se e dormem os seis meses da digestão." 
Refleti muito então sobre as aventuras da selva, e fiz, com lápis de cor, o meu primeiro desenho. Meu desenho número 1 era assim:


Mostrei minha obra prima às pessoas grandes e perguntei se o meu desenho lhes fazia medo.
Respondera-me: "Por que é que um chapéu faria medo?"
Meu desenho não representava um chapéu. Representava uma jibóia digerindo um elefante. Desenhei então o interior da jibóia, a fim de que as pessoas grandes pudessem compreender. Elas têm sempre necessidade de explicações. Meu desenho número 2 era assim:


As pessoas grandes aconselharam-me deixar de lado os desenhos de jibóias abertas ou fechadas, e dedicar-me de preferência à geografia, à história, ao cálculo, à gramática. Foi assim que abandonei, aos seis anos, uma esplêndida carreira de pintor. Eu fora desencorajado pelo insucesso do meu desenho número 1 e do meu desenho número 2. As pessoas grandes não compreendem nada sozinhas, e é cansativo, para as crianças, estar toda hora explicando.
As crianças menores, principalmente, expressam suas idéias, pensamentos e emoções com uma espontaneidade invejada por muitos artistas. O desenho das crianças é feito de maneira mais inconsciente, sem a preocupação do que os observa­dores irão pensar. A criança desenha por puro prazer. Até certa idade, ela não é limitada pelas barreiras exteriores que nos são impostas, as cobranças da família ou da so­ciedade. O que vale é a pura expressão pessoal. Daí os desenhos serem mais criativos. O que torna a arte expres­siva é a manifestação do “eu”, e suas reações subjetivas ao meio. (O Desenvolvimento da Criatividade e da Percepção Visual, Fernanda de Morais Machado)
De acordo com os autores Lowenfeld e Brittain, no livro “O Desenvolvimento da Capacidade Criadora” o desenho infantil passa por algumas fases de desenvolvimento.
(...) entre os doze e o quatorze anos, alguns jovens já têm o sentimento de serem adultos, mas seus desenhos são apreciados como algo infantil. Isso lhes causa um grande choque.” Assim, a criança se torna muito crítica em relação aos seus trabalhos, devido à pressão que ela sente para que ele se conforme aos padrões adultos de comportamento. Isso pode sufocar seus impulsos criadores. A ânsia e crescer gera certa vergonha na criança em relação aos seus desenhos. A cri­ança não quer ser vista como criança, e sim como adulto, merecedor de respeito perante a sociedade. Assim, a cri­ança sente-se envergonhada de seus desenhos ainda infantis, e acaba por reprimi-los, e reprime sua vontade de desenhar e de se expressar livremente.
Texto na íntegra: O Desenvolvimento da Criatividade e da Percepção Visual -
Fernanda de Morais Machado
Está aí nosso primeiro bloqueio mental para a expressão criativa: os conceitos estabelecidos.
O primeiro conceito estabelecido erroneamente é que a criatividade não é faculdade de todos e sim de pessoas seletas... As potencialidades e os processos criativos não se restringem, porém, à arte. Em nossa época, as artes são vistas como área privilegiada do fazer humano, onde ao indivíduo parece facultada uma liberdade de ação em amplitude emocional e intelectual inexistente nos outros campos de atividade humana. Não nos parece correta essa visão de criatividade. O criar sópode ser visto num sentido global, como um agir integrado em um viver humano. De fato,criar e viver se interligam.

(Fayga Ostrower Rio de Janeiro, setembro de 1976.)
Partindo dessa premissa que todo ser humano é criativo podemos conceituar criatividade.
 

CRIATIVIDADE


Numa perspectiva bastante abrangente, a criatividade pode ser definida como o processo mental de geração de novas idéias por indivíduos ou grupos. Uma nova idéia pode ser um novo produto, uma nova peça de arte, um novo método ou a solução de um problema. Esta definição tem uma implicação importante, pois, como processo, a criatividade pode ser estudada, compreendida e aperfeiçoada. Ela tira da criatividade aquela áurea de um evento mágico, místico e transcendental; um beijo de Deus na sua testa.
Ser criativo é ter a habilidade de gerar idéias originais e úteis e solucionar os problemas do dia-a-dia. É olhar para as mesmas coisas como todo mundo, mas ver e pensar algo diferente. O balão de ar quente foi inventado pelos irmãos Joseph e Etienne Montgolfier em 1783. A idéia teria ocorrido a Joseph ao ver a camisola de sua mulher levitar, depois que ela a colocara perto do forno para secar. Daí teria vindo a idéia de construir um grande invólucro em forma de pêra, de papel e seda, com uma abertura na base para ser inflado com a fumaça de palha queimada. Milhões de pessoas já tinham visto este fenômeno, mas somente os irmãos Montgolfier tiraram proveito prático desta observação. Eles viram muito mais do que uma camisola flutuando – isto é criatividade.

Portanto a criatividade é inerente a todo ser humano.
No livro Breakpoint and Beyond: Mastering the Future Today (1992), George Land e sua colega Beth Jarman concluíram que aprendemos a ser não-criativos. O declínio da criatividade não é devido à idade, mas aos bloqueios mentais criados ao longo de nossa vida. A família, a escola e as empresas têm tido sucesso em inibir o pensamento criativo. Esta é a má notícia. A boa notícia é que as pesquisas e a prática mostram que este processo pode ser revertido; podemos recuperar boa parte de nossas habilidades criativas. Melhor ainda, nós podemos impedir este processo de robotização. Ufa!
Para pessoas que exercitam a criatividade sempre existe outra maneira de se fazer as mesmas coisas. Essa pessoa não se dá por satisfeita enquanto não encontra uma maneira nova. Não se acomoda, não é monótona, nem rotineira. O bloqueio da nossa criatividade pode vir de vários fatores externos como internos. Bloqueios mentais são obstáculos que nos impedem de perceber corretamente o problema ou conceber uma solução. Pela ação destes bloqueios nós nos sentimos incapazes de pensar algo diferente, mesmo quando nossas respostas usuais não funcionam mais. Alguns bloqueios são criados por nós mesmos: temores, percepções, preconceitos, experiências, emoções, etc. Outros são criados pelo ambiente: tradição, valores, regras, falta de apoio, conformismo, entre outros. Os bloqueios mentais podem ser classificados em cinco categorias:

Bloqueios culturais:
Barreiras que impomos a nós mesmos, geradas por pressões da sociedade, cultura ou grupo a que pertencemos. Eles nos levam à rejeição do modo de pensar de pessoas ou grupos diferentes. Alguns destes bloqueios:
§  Nós não pensamos ou agimos deste jeito aqui.
§  Nosso jeito é o certo.
§  Respeitamos nossas tradições.
§  Não se mexe em time que está ganhando.

Bloqueios ambientais e organizacionais:
Resultantes das condições e do ambiente de trabalho (físico e cultural):
§  Distrações no ambiente de trabalho, reais ou imaginárias (interrupções, ruídos, telefone, e-mail).
§  Ambiente de trabalho opressivo, inseguro, desagradável.
§  Atitudes inibidoras à expressão de sentimentos, emoções, humor e fantasia.
§  Autoritarismo, estilos gerenciais inibidores.
§  Falta de apoio, cooperação e confiança.
§  Rotina estressante e inibidora.

Bloqueios intelectuais e de comunicação:

Inabilidade para formular e expressar com clareza problemas e ideias. Podem resultar de vários fatores:
§  Falta de informação e pouco conhecimento sobre o problema ou situação analisada.
§  Informação incorreta ou incompleta.
§  Fixação profissional ou funcional, isto é, procurar soluções unicamente dentro dos limites de sua especialização ou campo de atividade.
§  Crença de que para todo problema só há uma única solução válida.
§  Uso inadequado ou inflexível de métodos para solução de problemas.
§  Inabilidade para formular e expressar com clareza problemas e ideias.

Bloqueios emocionais:

Resultantes do desconforto em explorar e manipular idéias. Eles nos impedem de comunicar nossas ideias a outras pessoas. Alguns exemplos:
§  Medo de correr riscos; desde criança somos ensinados a ser cautelosos e não falhar nunca.
§  Receio de parecer tolo ou ridículo.
§  Dificuldade em isolar o problema.
§  Desconforto com incertezas e ambiguidades.
§  Negativismo: procura prematura de razões para o fracasso, por que não vai dar certo.
§  Inabilidade para distinguir entre realidade e fantasia.

Bloqueios de percepção:

Obstáculos que nos impedem de perceber claramente o problema ou a informação necessária para resolvê-lo. Inabilidade para ver o problema sob diversos pontos de vista. Exemplos:
§  Estereótipos: ignorar que um objeto pode ter outras aplicações além de sua função usual. Gutenberg adaptou a prensa de uvas para imprimir livros; Santos Dumont usou a corda de piano para substituir as pesadas e grossas cordas usadas nos balões.
§  Fronteiras imaginárias: projetamos fronteiras no problema ou na solução que não existem na realidade.
§  Sobrecarga de informação: excesso de informações e de detalhes que restringem a solução que pode ser considerada.
Os bloqueios são paredes invisíveis que nos impedem de sair dos estreitos limites do cubículo que construímos ao longo dos anos. Os tijolos desta parede são feitos de nossos medos, frustrações, ansiedades e imposições da sociedade, família, colegas e superiores. Quando se sentir paralisado e incapaz de pensar diferente, relaxe e procure enxergar estes tijolos. A consciência dos bloqueios mentais já é meio caminho andado no desenvolvimento de suas habilidades criativas.




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Criatividade e Design